Alternando momentos mais sérios com outros de extremo bom humor, o professor Clóvis de Barros Filho conseguiu, na noite da sexta-feira (20), encantar o público presente no encerramento do I Fórum de Educação Empreendedora e II Fórum de Relações Internacionais, no Centro de Eventos do Pantanal.
Na palestra intitulada "A vida que vale a pena ser vivida", ele apresentou o pensamento de alguns sábios sobre a questão da felicidade, do que faz a vida valer a pena e ter um sentido e também procurou mostrar a pertinência desse pensamento antigo para os dias atuais.
Ele esclareceu que não se trata de propor nenhuma solução milagrosa porque, segundo ele, soluções milagrosas já estão à disposição no mercado e sabidamente não funcionam, não entregam o que prometem. "Então no final das contas vamos tentar devolver ao nosso ouvinte a responsabilidade por conduzir a sua vida de uma maneira lúcida", observou.
O pensador estóico romano Epicteto foi o primeiro da lista. Depois veio o grego Aristóteles, Jesus, e o holandês Espinoza. As mensagens desses pensadores fazem parte do livro homônimo em que Barros Filho traz dez respostas a essa pergunta.
Ele começou apresentando o pensamento de Epicteto, que diz que metade da vida depende de nós e a outra metade não. E portanto recomenda que se coloque todas as fichas na parte que depende de nós, coisa que muito pouca gente faz.
"Empreendedor é o nome atual para isso que Epicteto recomenda. Ele vai na direção oposta dos cantores Zeca Pagodinho e do grupo Skank, em cujos versos afirmam querer deixar a vida os levar".
Depois Filho sintetizou o pensamento de Aristóteles na excelência, que se dá quando alguém consegue ir o mais longe possível na expressão de sua natureza. Para ilustrar usou a figura do desabrochar de um pequeno pé de goiaba sob condições favoráveis e ruins e o exemplo do pintor espanhol Salvador Dali. "Aristóteles aposta no desenvolvimento pessoal", pontuou.
Terceiro pensador, Jesus, "dá uma lição de desprendimento, que só o amor permite alcançar e subverte a lógica do capital econômico e do capital simbólico, tão valorizados em nossa sociedade, mas que não garantem a almejada felicidade". E lembrou a vida de artistas como Michael Jackson, Robin Williams e Amy Winehouse.
Excelência, amor e, finalmente, a alegria de Espinoza, que foi traduzida em potência, foram a tônica da palestra, que também teve pinceladas de ética e respeito.
"Quanto mais meu ouvinte estiver aberto, receptivo a novos discursos mais fácil será receber uma mensagem diferente. À medida que vão envelhecendo acabam se tornando mais convencidos de suas verdades e aí fica mais difícil essa abertura", disse referindo-se à plateia, formada em sua maioria por estudantes, em construção da própria identidade.
"Meu trabalho não é o de dizer como as pessoas tem que viver, até porque eu não sei, mas sim, oferecer reflexões para que as elas possam se identificar mais ou menos com esta ou aquela. E foi o que fiz aqui. Espero que tenha valido a pena aos presentes", finalizou.