Servidoras de cinco campi do Instituto Federal de Mato Grosso participaram, durante os dias 9 e 10 de agosto, no auditório da reitoria, de uma oficina de capacitação do programa federal Mulheres Mil, com o propósito de compartilhar as experiências adquiridas durante a formação nacional do programa, ocorrida em Brasília no mês de julho.
O foco principal foi transmitir essas vivências para as coordenadoras locais, proporcionando um ambiente de aprendizado e troca de conhecimentos que chegarão aos professores dos cursos.
O programa Mulheres Mil no IFMT vai ofertar 300 vagas em cursos de qualificação profissional para mulheres em suituação de vulnerabilidade social a serem desenvolvidos nos campi: Cuiabá – Octayde, Cáceres, Campo Novo do Parecis, Primavera do Leste e Rondonópolis.
As histórias exitosas dos programas Mulheres Mil e Teresa de Benguela se entrelaçam. O primeiro foi ofertado na instituição no período de 2013 a 2017, quando foi suspenso pelo governo federal. As experiências positivas obtidas naquele período foram as sementes para que o IFMT desse início à sua própria ação de combate à vulnerabilidade social e econômica de mulheres, através do programa Teresa de Benguela.
“Muitas de vocês vivenciaram a primeira edição do Mulheres Mil, e seu retorno é uma imensa satisfação. Esse programa foi responsável por conferir visibilidade e oferecer suporte a um público vulnerável. Sua influência nos inspirou a criar o Programa Extensionista Teresa de Benguela no IFMT, que impactou profundamente muitas vidas,” lembrou a gestora do programa extensionista, Laura Aoyama de Barros.
Hoje, o Teresa de Benguela tomou uma nova forma através da Fundação Uniselva, ofertando 1480 vagas para mulheres em situação de vulnerabilidade, incluindo indígenas, quilombolas, chiquitanas e aquelas privadas de liberdade.
“Ao submetermos nossa proposta conquistamos o segundo lugar em todo o Brasil. Esse feito não teria sido possível sem a valiosa contribuição das coordenadoras que estabeleceram a ligação nos campi. No próximo ano, planejamos oferecer maios oportunidades e alcançar um número ainda maior de mulheres fortalecendo, assim, o Teresa de Benguela. Esse programa institucional serve como espinha dorsal para todas as ações do Instituto voltadas às mulheres,” completou Ângela Santana, coordenadora do Programa Bolsa Formação.
Mulheres Mil reflete valores e essência do Teresa de Benguela
O compromisso institucional com a luta pelos direitos, pela igualdade, pela erradicação da vulnerabilidade e pela valorização do trabalho feminino estão expressos no programa Teresa de Benguela.
Para o reitor, Julio César dos Santos, aqueles que escolheram a educação como caminho também escolheram transformar vidas, indo além do ensino em sala de aula. E através de diversos projetos que tem sido levado a várias comunidades, a instituição tem cumprido o seu papel social.
“Isso se tornou cada vez mais significativo para as pessoas que necessitam de nossa instituição e é o nosso objetivo primordial. Temos ferramentas para contribuir para que essas pessoas cresçam não apenas individualmente, mas organizem-se, estabeleçam seus próprios negócios e promovam mudanças significativas em suas vidas e na vida dos outros”.
O reitor reforçou o compromisso de continuar a apoiar as ações que busquem transformações internas, o desenvolvimento de políticas e ações e, acima de tudo, a transformação social, a exemplo desses dois programas.
“O Teresa de Benguela será usado como referência nacional pela Setec para a implementação e aprimoramento do Mulheres Mil. Ele hoje é motivo de orgulho para a rede federal em todo o país, como afirmou o secretário da Setec durante o evento em Brasília”
A diretora de Relações Interinstitucionais e Comunitárias Populares, Regina Olea, refletiu sobre a necessidade de uma política pública dedicada ao combate à violência contra a mulher e à promoção de sua inserção no mundo do trabalho. Mencionou o lugar da mulher na sociedade brasileira e o papel da comissão permanente da participação feminina no IFMT. Além da necessidade de políticas públicas em diferentes níveis que abordem a condição da mulher.
“É com esse contexto em mente que lançamos o Mulheres Mil durante o Agosto Lilás, mês que não apenas celebra e reconhece, mas também trabalha na esfera da segurança pública e do sistema judiciário, especialmente relacionado à Lei Maria da Penha. Nossos esforços buscam proporcionar um ambiente mais seguro e igualitário a todas as mulheres,” afirmou a diretora.
Nos dois dias de curso, foram apresentadas orientações sobre o novo programa, os instrumentos metodológicos e como eles serão utilizados, além da proposta pedagógica curricular, termos de cooperação e doação e os processos administrativos.
Instrumentalizar e sensibilizar para atender melhor
Para as participantes dos campi, a capacitação possibilitou alinhar as ações que serão desenvolvidas em cada campus para atingir os objetivos propostos: melhorar a qualidade de vida, gerar renda, emprego e capacitar essas mulheres a sair da condição de vulnerabilidade social, capacitando-as para o mercado de trabalho e até mesmo para o empreendedorismo.
A formação, segundo a coordenadora-geral do Programa Mulheres Mil no IFMT, Eloísa Azeredo, desempenha um papel crucial ao garantir que as envolvidas tenham um entendimento claro e objetivo dos processos que ocorrerão durante o desenvolvimento das ações em cada campus.
“Estamos nos instrumentalizando para executar da melhor forma um programa que garantirá uma melhoria na qualidade de vida para essas mulheres. Alinhamos os procedimentos para assegurar o sucesso das ações,” concordou a coordenadora em Campo Novo do Parecis, Aline Morais.
A coordenadora adjunta de Primavera do Leste, Viviane Cavalcante Andrade contou que o campus trabalhará com mulheres trans e profissionais do sexo, um grupo que enfrenta dificuldades significativas para se integrar ao mercado de trabalho. Ela reflete que os obstáculos se devem ao preconceito e também se estendem ao âmbito educacional, “onde são enfrentados estigmas que dificultam seu acesso a oportunidades de estudo e formação e as mulheres acabam se excluindo ou sendo excluídas”.
Viviane destacou, especialmente, as palestras que abordaram a questão da diversidade. “Tivemos a oportunidade de ouvir uma mulher trans compartilhando suas dificuldades pessoais. Isso nos permitiu ganhar uma compreensão mais profunda desse público, nos ajudando a considerar como melhor acolher essas mulheres”.
No campus Cáceres, a formação a ser oferecida será no bairro Residencial Valter Fidelis, localizado próximo à unidade escolar. Lá a equipe identificou um grupo de mulheres com o desejo de abordar questões logísticas, como a organização do lixo, a limpeza e a melhoria do ambiente geral do bairro.
“A partir dessas conversas, desenvolvemos um curso com o propósito de capacitar agentes de desenvolvimento socioambiental. Nosso objetivo é proporcionar uma solução para o desejo delas de viver em um local mais organizado e com um ambiente mais saudável. Acreditamos que essa formação contribuirá muito para realizar os objetivos de melhorar a qualidade de vida no bairro, além de fortalecer a conexão entre a comunidade local e o campus,” relatou Maribel Chagas de Ávila, membro da coordenação local.
No campus Rondonópolis, o desafio será trabalhar com mulheres privadas de liberdade através de um curso de empreendedorismo com oferta de 20 vagas, bolsas, material didático e cestas básicas.
As inscrições para os cursos devem começar já nas próximas semanas nos campi do IFMT. As aulas estão previstas para iniciar em outubro.
