O projeto visa fazer a regularização de imóveis do bairro Pólvora, em Cuiabá
Na última terça-feira, dia 10 de maio de 2016, coordenadores do Projeto PlantART do IFMT - Campus Várzea Grande e representante da Pró-Reitoria de Extensão (PROEX), realizaram uma reunião na Federação Mato-grossense das Associações de Moradores de Bairros (FEMAB), situado na Avenida Senador Metelo, nº 1.165, com a comunidade do bairro Pólvora, em Cuiabá. A reunião tinha o objetivo de explicar para os moradores o que é o projeto e o que será feito a partir de agora.
Segundo a Diretora Geral do IFMT Várzea Grande, Sandra Maria de Lima, o projeto PlantART “consiste em fazer regularização fundiária gratuitamente para as pessoas que não têm condições de arcar com esses gastos”. Além disso, ele é a a parte profissionalizante do Curso Técnico de Desenho de Construção Civil e está no Projeto Pedagógico do Curso – PPC.
Segundo Mariane Campos, professora de desenho arquitetônico e história da arquitetura e coordenadora do PlantART, a partir de um levantamento nas residências, os estudantes farão os projetos das casas e memoriais descritivos, necessários para a abertura do processo de regularização nos órgãos competentes. “A reunião foi importante para deixar claro aos moradores o que vai acontecer, pois sem o apoio deles, não conseguimos fazer nada”, explicou.
O presidente da Federação Mato-grossense de Associações de Moradores de Bairros (FEMAB), Walter Arruda, destacou que a reunião discutiu a regularização fundiária do bairro Pólvora, situado próximo da avenida Ipiranga com o cemitério do Porto. “O morador não consegue fazer nada com o seu imóvel e perde a oportunidade de investimentos. Quero louvar essa ação do IFMT e da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) que será muito importante para o morador”, disse Arruda.
Ele destacou ainda que 75% dos bairros em Cuiabá carecem de regularização fundiária, “é importante ressaltar que no momento que divulgação entre os nossos associados esse projeto piloto com o bairro Pólvora, representantes de outros 20 bairros, nos procuraram querendo implantar esse projeto por lá também”, disse Walter Arruda.
O presidente do bairro Pólvora, José Valvoline, disse que a regularização fundiária do bairro é um sonho e que esse projeto se concretize. “Eu nasci em 1967 e até hoje os moradores não possuem essa documentação”, conta Valvoline.
O Pró-Reitor de Extensão, Levi Pires de Andrade destacou a importância do Projeto PlantART, pois a extensão representa a troca de conhecimento com a comunidade, “este é um projeto integrador por essência, onde os alunos poderão aprender, além dos conhecimentos técnicos e tecnológicos, toda dinâmica de um bairro em suas questões mais amplas, o que enriquecerá o aprendizado”, falou Levi Pires de Andrade.
O projeto PlantART foi um dos projetos aprovados na Chamada Professores para o Futuro – Finlândia III. O objetivo do programa Professores para o Futuro é selecionar propostas de professores da Rede Federal, voltadas à integração entre a oferta de ensino profissional e tecnológico e de pesquisa aplicada da Rede com as demandas de inovação do setor produtivo e da comunidade.
A reunião na FEMAB contou com a presença do Pró-Reitor de Extensão do IFMT, Levi Pires de Andrade, a Diretora do campus, Sandra Maria de Lima, o Chefe da Divisão de Regularização Fundiária – DIREF, Rui Leonardo Souza Silveira e a Coordenadora de Destinação Patrimonial - CODES da Superintendência do Patrimônio da União em Mato Grosso – SPU/MT, Vera Lúcia Mayumi Tsuda, o Presidente da Federação Mato-Grossense das Associações de Moradores de Bairro - FEMAB, Walter Arruda, o Presidente da Associação de Moradores do Pólvora, José Luis da Silva e moradores do bairro.
Sobre o PlantART
A palavra PlantART surgiu da junção de plant (plantas técnicas) e ART (Anotações de Responsabilidade Técnica). O projeto surgiu da necessidade da curricularização da extensão do cursos do Instituto Federal de Mato Grosso – IFMT Campus Várzea Grande, a partir do levantamento feito para atender as demandas de profissões no município e região. Segundo Sandra Maria de Lima, Diretora do campus, após a definição dos escopo dos cursos que o IFMT Várzea Grande ofereceria (áreas de construção civil e gestão de negócios), foi verificado que 85% dos imóveis da cidade não eram regularizados.
A partir disso, a ideia do projeto surgiu, também, do sonho de fazer com que a instituição ajudasse a sociedade: “Eu sempre sonhei que a instituição aplicasse imediatamente o conhecimento dos alunos, adquiridos aqui, em prol da comunidade. Então, foi pensando num projeto que pudesse fazer a regularização gratuitamente para as pessoas que não tivessem condições de pagar por isso”, explicou Sandra.
Após tomar conhecimento do projeto, em agosto passado, o Chefe da Divisão de Regularização Fundiária – DIREF, da SPU/MT, Rui Leonardo, procurou o campus se mostrando interessado no projeto e em fazer uma parceria com o IFMT, relatando que a União tem vários imóveis e terrenos em todo o Estado, que foram ocupados por pessoas e que não tem regularização fundiária, citando o Bairro Pólvora, em Cuiabá.
O bairro Pólvora, foi chamado assim porque era o depósito de pólvora do exército e, após desativado, foram desmembrados vários terrenos que foram doados, porém, os cerca de 40 moradores da região não ocuparam os terrenos como foram doados, nem têm escrituras dos imóveis.
Para Sandra, a parceria da SPU e, agora também da Prefeitura de Várzea Grande, se faz necessária e muito importante para que o PlantART possa avançar, pois dá facilidade de acesso aos imóveis: “Quando existem as instituições reconhecidas trabalhando juntas, tudo é mais fácil”. Ainda segundo ela, o projeto só não foi iniciado antes porque os estudantes precisavam cursar as disciplinas necessárias para fazer o levantamento, que começa a partir de sábado, dia 14 de maio. Durante esta etapa os alunos farão a planta, o memorial descritivo e todos os documentos necessários para dar entrada das regularizações na Prefeitura e, depois disso, a SPU ficará responsável pelo andamento dos processos, tudo gratuitamente.
Segundo a professora Mariane, Coordenadora do projeto, durante todo o processo os professores estarão junto aos alunos, “fazendo o link do que eles aprenderam em sala de aula e a prática”. Assim sendo, os estudantes farão a regularização da região do bairro Pólvora, que tem cerca de 40 casas: “eles terão que fazer desde o levantamento topográfico do terreno até o levantamento arquitetônico das casas, tanto o perímetro, quanto as divisões internas; e o produto final será entregar o projeto pronto pra cada morador”, explicou Mariane.
Os estudantes, a partir do PlantART, serão instruídos para fazer a parte técnica, ou seja, os projetos, a partir do que viram durante as disciplinas. Para Mariane, “a importância para o futuro profissional desses estudantes será a possibilidade de adquirir o conhecimento prático, porque ele vai se deparar com vários desafios que o profissional encontra no mercado de trabalho; os desafios e problemas que terão que resolver a nível de projeto na vida profissional, eles estarão vivenciando ali; o que vai acrescentar e somar no currículo deles quando terminarem o curso”.
Ainda mais: para os moradores, trará uma segurança e estabilidade, porque hoje, não ter suas casas regularizadas impacta em muitas coisas na vida deles: “se precisarem vender, não podem; até o IPTU que pagam vai mudar, podendo diminuir, etc.”, explicou Mariane.
"Um dos principais motivos deste encontro foi deixar tudo isso bem claro para os moradores, de que vão fazer o levantamento para eles e não para a prefeitura, pois eles têm medo de tirarem suas casas e não iriam deixar a gente entrar sem esse conhecimento", finalizou.
Ascom/Campus Várzea Grande/ IFMT – Cristiane Guse Fronza
com informações da Ascom/Reitoria/IFMT – Juliana Michaela
Atualizada no dia 16/05/2016 - 10:19